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A arte de viver uma tragicomédia

A arte de viver uma tragicomédia

Sobre ser-se mediocre.

Não percebo nada de política. Mas mesmo nada. Por isso, pergunto-me se a postura do senhor ministro da educação acerca da mobilização dos professores é uma jogada política brilhante, cujos resultados desejados são, para mentes simples e ignaras como a minha, impossíveis de antecipar, assim como aquelas jogadas de xadrez feitas por profissionais. 

Por isso, estas palavras são de quem não tem nenhuma intenção de fazer uma reflexão complexa ou visionária sobre a forma como ele está a lidar com a questão.

Neste momento, em que o governo está para lá de descredibilizado, do qual já ninguém espera nada, não seria mais prudente o senhor ministro mostrar vontade de dialogar, mostrar compreensão, aceitar que é preciso repensar a educação em Portugal, em vez de tentar encontrar ilegalidades ou inconsistências num movimento de profissionais sacrificados há décadas para tentar depreciar a luta dos professores? Quer dizer, eu compreendo que não queiram trair o Mário Nogueira e a FENPROF, que há tantos anos joga à sardinha com os sucessivos governos, mas convenhamos: era agora que a coragem, o sentido de missão e de serviço público...

ahahahahahahahahahahahahah...

desculpem... 

ahahahahahaaaaaaaaaaaaaahahahahahah....

ai, ai...

desculpem, não consegui conter o riso...

Bem, dizia eu, era agora que deixavam de ser mediocres por um bocadinho, não pelo bem comum (não se pode pedir tanto) mas para recuperar alguma credibilidade junto da população, para reencontrarmos alguma estabilidade emocional quando pensamos no governo. Porque nesse bocadinho talvez os professores conseguissem alguma coisa. 

Eu sei que faz espécie ao senhor ministro um tipo qualquer de um sindicatozito qualquer mobilizar tanta gente, de forma tão autêntica. Mas a verdade é que o fez, a verdade é que, por muito que queiram alardear a ilegalidade de tudo isto, a educação está de rastos, os professores são sacrificados e as reivindicações são autênticas. O senhor ministro fazia melhor figura a colocar-se menos no lugar de político amuado e mais no de governante com vontade de ir ao encontro desta gente e de ficar na história do país como alguém que virou a página do sistema educativo, para melhor, sem se preocupar com a máquina partidária que o criou e a que pertence. Ele e o senhor primeiro, também. Assim, a fazer de conta que é de forma altruísta, mesmo, ´tão a ver?

Não polarizemos a educação, já agora. É que os extremos são oportunistas e veem nestas coisas o momento apropriado para se fazerem de melhores amigos da malta. E, pelo que vi, já "andem" aí.

 

Capture.JPG

Créditos da imagem: https://www.cafepress.com/+pretend_dog,263249187

Sobre ficar-se estúpido...

Olá, meus fofos e minhas fofas!!

Desculpem este excesso de confiança, mas tenho tantas saudades vossas como, tenho a certeza, vocês têm minhas!

Isto partindo do princípio que alguém ainda lê ou escreve em blogues. Seja como for, eu sei que vocês, ainda que imaginários (à excessão desses valentes 4 subscritores que, de resto, estão no quadro de honra), são meus fiéis leitores e já estavam a estranhar tamanha ausência.

Tinha coisas para dizer, mas esqueci-me. Pois é. Ao ler as publicações anteriores, e após um afastamento de dois anos, apercebi-me de duas coisas: a primeira é que me tornei um ser estúpido. Enfim, não se pode dizer que a inteligência era uma grande qualidade de que dispunha, mas, vá, ainda sabia escrever mais ou menos. Agora, percebo que já nem escrever em condições sei. E o pior é que escrever bem é essencial à minha profissão... 

A segunda coisa de que me apercebi é que dois anos volvidos e a memória está um caco. Vinha eu com tanta alegria postar coisas (porque tenho uma vida tão interessante) e eis que se me varrem todas as ideias, sem mais. Há quem diga que não é a idade (ceeeeeeeeeerto), mas o excesso de informação e de tantas fontes em simultâneo, que, na verdade, não nos permitem concentrarmo-nos o suficiente no que precisamos. Há quem diga... pois, Não há quem diga, não. Eu é que digo, para arranjar desculpas!!

E outra coisa de que me apercebi (o que só vem consolidar a ideia de que estupidifiquei... já não sei contar, pois eram só duas as coisas de que me tinha apercebido) é que fiquei pitosga! Então, hoje, em modo de trabalho remoto, recebi o desafio de um amigo para terminar o trabalho mais cedo e ir apanhar sol. Declinei, por ter muito trabalho e ser uma pessoa tãããããão responsável.E, pior, neguei à minha mãe a minha companhia para acompanhá-la ao veterinário com a sua gata. Para quê? Para FICAR A TRABALHAR!! E o que é que aconteceu? Deixei de conseguir ver os documentos no computador em condições por ter dificuldade em focar as letras! E o que é que eu decidi fazer? Vir escrever no blogue. Que está onde?? No computador. Que quê? Que eu não consigo ver em condições!! 

Por favor, alguém me dê um tabefe! Mas com uma tortilha, que é para ser trendy...

Bem, vou ali aviar a receita dos óculos. 

Elke1.JPG

Créditos da imagem: https://elkevogelsang.com/

Instagram: @wieselblitz 

 

3, 2, 1... Olha, está tudo na mesma...

Olá, meus filhos.

Escrevo-vos com o estado de espírito de quem desejava muito que houvesse festas de passagem de ano nas principais praças das cidades. Por vários motivos. Mas, neste preciso momento, o motivo é egoísta: é que os vizinhos trouxeram a festa para dentro de casa. Ou seja, estou a ouvir a música forró da vizinha DO PRÉDIO DO LADO!!!! Sim, sim, prédio do lado. E mais: de um andar diferente do meu!

Portanto, imaginem, não é? Já ouvi "vamo levantá a poeira do terreiro" 50 vezes e ainda estamos a quase 3 horas da meia-noite... De facto, pessoas não são a minha espécie favorita... 

Mas bom, vamos ao que interessa. Passagem de ano, hã? Mais uma, pois é... Mas esta é especial, não é, oram digam lá...

Tenho a certeza de que ninguém está convencido de que tudo muda com o virar do último segundo de 2020. Até mesmo porque nada do que está a acontecer se circunscreve aos limites do tempo que o ser humano inventou. Mas precisamos da esperança, certo? Por isso, não desesperem quando, em janeiro, fevereiro, março, etc de 2021, estiver tudo rigorosamente igual a dezembro de 2020. Vamos precisar de muita paciência. A boa notícia, acho, é que nós temos uma capacidade de adaptação extraordinária e vamos conseguir ultrapassar isto de forma absolutamente engenhosa.E não é por causa da vacina.

Coragem a quem trabalha sem rede de segurança: no turismo, na retauração, nas artes e em tantas outras áreas... porque devem estar a viver os piores momentos das suas vidas. Que 2021 seja, de facto, o ano da mudança para melhor. 

 

Happy dog.jpg

 

Uma nova vida

Pois é, meus filhos. 

Graças ao Covid, perdi o emprego. Não é tão bom? 

Depois de anos de precariedade, finalmente a endireitar a vida, com uma promoção e um aumento de salário em pouco mais de um ano e PUMBA! Toma lá um vírus que vai dar cabo disso tudo. Cheguei a pensar que era o universo a dizer-me "nã, nã, nã, nã. Aonde achas que vais?? Achavas mesmo que isto da estabilidade e da progressão eram para ti??? Muahahaha  Esquece!" 

Só que não tenho um umbigo assim tão grande. Afinal de contas, isto é uma situação séria, que tirou muito a muitas pessoas, incluindo a vida. Mas, foge, que parecia pessoal, parecia...

É por isso que, lamento muito, mas isso do "Vamos todos ficar bem" foi e é uma grande treta. Ficam bem os que não perderam familiares, a saúde, os empregos ou os rendimentos. Não vamos todos ficar bem. Não estamos todos bem. Vamos, muitos de nós, ter de recomeçar, como se nunca nos tivéssemos levantado. Só que, mal nos levantámos, tornámos a cair.

Enfim, era só para dizer isto.

Tende umas santas noites.

https_%2F%2Fblueprint-api-production.s3.amazonaws.

 

 

 

Vamos falar de pessoas

Lendo este blogue, percebo que o uso para destilar algumas irritações. Pelos vistos, a irritação é inspiradora, portanto, cá vais mais disto.

Vamos falar de pessoas.

 

Pessoas que me irritam - parte I

 

Pessoas que começam frases com "Eu sou sincero/a". Uma pessoa que não é capaz de dar uma opinião sem antes fazer esta advertência é merecedora do meu desprezo, assim, logo à partida. Isto porque abre imediatamente a porta à alternativa, a de não ser sincero/a. É inevitável. Se eu concedo o meu tempo para trocar ideias com alguém, parto do princípio que a pessoa é sincera, porque não perco tempo a trocar impressões com aldrabões. 

Outro tipo de pessoas que me chateiam são as que usam o termo "amigo do seu amigo". Ser amigo já pressupõe uma certa reciprocidade, certo? Ou, pelo menos, a expetativa da mesma. Se eu sou amigo, tem de ser para um amigo. É o mesmo que dizer "é uma mãe para os seus filhos". Digam "é amigo" ou "é um bom amigo". Ponto. 

Depois há aquelas pessoas que adoram dizer "chegar a bom porto". " Bom porto" é uma expressão que me irrita. Confesso que não sei bem porquê, mas acho-a um bocadinho rebuscada, daquelas que se usam quando não se tem nada melhor para se dizer. Ou então, por ser tão sonoramente fechada. Acho que uma expressão positiva deve dar para gritar e ser-se ouvido, deve ter sílabas mais abertas. "Bom porto" é parvo...

Ou seja, alguém que pronuncie a frase " Eu sou sincero, eu acho que o João é um gajo porreiro, amigo do seu amigo, consegue que algumas coisas cheguem a bom porto, mas chega todos os dias atrasado" não pode ser meu amigo.

 

Pessoas de que gosto - parte I

 

Gosto muito, mesmo muito de pessoas que me ignoram no metro, sobretudo de manhã. Adoro que finjam que não me veem porque, como eu, querem ter o seu momento sem conversas antes de chegar ao trabalho. Adoro que me deixem em paz e que queiram ser deixadas em paz e que não queiram conversa de circunstância naqueles últimos minutos que temos só para nós. Uma das minhas pessoas preferidas , uma vez, viu-me no metro veio-me cumprimentar e foi sentar-se noutro sítio a ler. Disse mesmo "vou para ali". Deixou-me tão feliz... 

https_%2F%2Fblueprint-api-production.s3.amazonaws.

 

É domingo. E depois?!?!?

Em condições habituais, a esta hora, já estaria a pré-stressar com a segunda-feira. Já teria a roupa e os sapatos prontos para amanhã de manhã, já teria a pasta com tudo pronto lá metido dentro, a fazer a contagem decrescente para o fim do tão curto fim-de-semana. Já estaria com o jantar ao lume, a televisão nas notícias, o espírito preparado. Portanto, uma pré-segunda-feira.

Mas hoje não. Hoje decidi que o tempo é meu e faço dele o que eu quiser. Segunda-feira é amanhã, não hoje. Que se lixe a segunda-feira!!

Por isso, desci à rua às 7h da tarde, altura habitual de estar a preparar o primeiro dia da semana, fui tomar um cafezinho nas calmas, dei uma volta por uma loja de decoração que há aqui na rua e voltei calmamente para casa. 

Servi-me de um copo de vinho tinto e liguei o rádio (sim, isso mesmo), na Smooth FM. Maravilha. E se dormir 3 horas, não quero saber. Vou curtir o meu domingo, porque esta mania de começar a preparar a semana antes de ela começar ou é burrice ou é auto-assédio laboral.

Não. Nunca mais. Hoje o dia ainda é meu! Amanhã logo se vê!

Resultado de imagem para happy dog

 

Auto da Barca do Não Querer Fazer Nenhum (versão personalizada)

Ah, como pude eu pensar, sonhar aquelas coisas? Que longe estou do que fui há uns momentos!

 

Álvaro de Campos

 

(A cortina sobe)

Sala de Estar: BF está no sofá, de comando na mão, a ver, pela terceira vez, a primeira temporada de  How I Met Your Mother. Entra a Razão, pela direita, de vestes brancas, onde cintilam as letras do contrato de trabalho de Diretor/a de não-sei-quê, empunhando o livro mais recente de Yuval Noah Harari numa mão e a tese por fazer na outra.

 

Razão: Assim, não sei onde vamos parar, BF.

BF: Como assim?

Razão: Então, não estavas contente com o teu novo cargo? 

BF: Estava... mas agora, não sei....

Razão: Mas não querias deixar a tua marca num projeto? Dar o teu melhor? Ainda por cima conheces a área. Estudaste e trabalhaste para isto! Não querias sucesso profissional?

BF: Pois, eu sei. Tudo isso é verdade. Só que não me apetece trabalhar... lá, isto é... nem eu percebo porquê...

Razão: Inacreditável!! E não querias publicar?

BF: Mas não me apetece investigar.

Razão: E não querias saber muito? Ter muita cultura? 

BF: Mas não me apetece ler...

Razão: E não querias aquele lugar espetacular depois deste que tens agora?

BF: Mas não me apetece estudar...

Razão: Não mereces nada!! Vai para o raio que te parta!!!

BF: Mas estou tão bem no sofá...

(O Coro entra, pela esquerda)

Ingratidão e Insatisfação: Muuuuuhahahahahahahahahahahahahahahah 

 

Cão, Weimaraner, Focinho, Cansado

Crédito da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/lazy%20dog/

Não me falem de problemas depois das 6h da tarde.

O problema mental que apresento a seguir é deveras incomodativo para quem padece deste mal e para quem convive com o enfermo, na eventualidade de ainda lhe restarem amigos ou família com boa vontade suficiente de lhe dirigir a palavra. Depois das 6h de tarde, sobretudo, ou, se não guardarem rancor, a qualquer hora do dia seguinte.

A questão é esta: depois de um  dia de trabalho, não me apetece falar. Mais especificamente, não me apetece prosseguir um diálogo estruturado, cheio de planos para os dias seguintes e de considerações sobre o dia que passou. Por norma, e por educação, ouço as pessoas. Compreendo-as. Têm necessidade e vontade de falar comigo. E, por isso, ouço. Vou dizendo "hm, hm" e "pois" para não mostrar desinteresse. Além disso, não quero que pensem que não me interessa o que dizem. Interessa e muito. Mas durante o dia. Ao fim do dia e, especialmente, à noite, só ouço um mar de palavras e fico à espera que o discurso acabe.  E só me apetece dizer "Opá, cala-te!". Mas está tudo controladinho...

Posso manter um diálogo. Mas daqueles que são só desconversa, que nos fazem rir e nos fazem descontrair. Isso, ok!

Mas, por favor, não me façam falar da vida diária depois das 6h da tarde por muito mais de 10 minutos, pelo menos. Não consigo.

Todas as decisões que tomo, toda a minha lucidez, está circunscrita ao horário de expediente. 

Não me peçam opiniões depois das 6h da tarde, a não ser que sejam opiniões parvas. Aí, ok! Não me peçam para falar de assuntos sérios depois das 6h da tarde. Está demasiado calor para pensar depois dessa hora... 

E, se quiserem falar comigo, usem menos palavras... Tantas palavras que as pessoas têm para dizer, com tantas sílabas... Parece que tenho água a correr-me nos ouvidos. É tudo o que ouço quando a enxurrada é de palavras. 

A última vítima foi a minha mãe:

Mãe - "Pronto, já percebi que, a partir de uma certa hora, não se pode falar contigo! Mas eu vou dizer o que tenho para dizer na mesma e tu vais ter de aguentar. "

Eu - "Por mim, tudo bem, mas já sabes que, a esta hora, não dou opiniões."

Mãe - "Quero lá saber!"

Eu - "Ok, dá-lhe!" 

E lá acabei por dar opinião. Gostei da provocação... :-) E mãe é mãe...

Mas, por favor, não me peçam mais do que isto. Só ouço chuááááá... chuáááááá´...

Annoyed dog 1.jpg

 

 

O dia em que descobri que... eu...nem sei...

Aquele dia mudou tudo na minha vida. Nunca me tinha passado pela cabeça. Andava esta pessoa (eu), posta em sossego, com a leveza de quem saltita de nenúfar em nenúfar, na certeza de que a minha personalidade ponderada me livrava daqueles detalhezinhos irritantes que caracterizavam as personalidades alheias. Eu... que, em tempos, terminei uma relação porque a pessoa, de cada vez que bebia alguma coisa, por cada gole, fazia "aaaaahhhhh". Cada gole, cada "aaaaaahhhh". Eu que revirava os olhos sempre que ouvia alguém a mastigar de boca aberta. Sim, porque quem mastiga de boca aberta faz sons, como todos sabemos, e nem precisamos de olhar para saber que aquele bolo alimentar se está a constituir naquela boca à frente de todos; eu... que abanava a cabeça em reprovação sempre que algum português dizia "Seriously?!?!?!?" ou "Whatever..." em vez de "A sério?!?!?!?" ou qualquer tradução prática de whatever. Eu que mudava de lugar no metro cada vez que alguém roía as unhas ostensivamente à minha frente; eu... que dava um empurrãozinho, digamos, ao de leve nas escadas rolantes àqueles que decidiam ficar a descansar do lado esquerdo, que toda a gente sabe que é para circular... Todas estas coisas me irritavam, e irritam, e posso jurar que é por causa delas que me começam a nascer cabelos brancos... 

Mas, naquele dia, descobri... algo que... Bem, aqui vai.

Estávamos nós num aeroporto de uma cidade europeia, à espera do avião que nos traria de volta. A minha amiga lia e eu saltitava de felicidade porque o meu mp3, que tinha rádio, tinha, sabe-se lá como e de forma meio fanhosa, apanhado uma estação de rádio que passava música dos anos 80. Percebi que a minha amiga, por algum motivo, não tinha ficado muito contente com este acontecimento, mas pensei que fosse impressão minha, que estivesse cansada. De repente, um aviso (na língua do país em questão): "o avião com destino a Lisboa vai partir com uma hora de atraso". Por mim, tudo bem. Não havia nada a fazer, não havia por que me chatear. Tinha um café ali ao lado, tinha a minha música... estava tudo bem. Mas a minha amiga ficou muito agitada. Disse-lhe "Tem calma, é só uma hora. Não é o fim do mundo". Ao que ela, de olhos esbugalhados e voz esganiçada de irritação, respondeu: "Pois! É só mais uma hora! É só mais uma hora a ouvir-te cantarolar!! Vais cantarolar o tempo todo, não vais? Especialmente no avião, quando já não tiveres música!! Vais cantarolar, não vais???" E aí estava: eu era irritante. Eu cantarolava... 

A notícia caíu-me na alma como quando uma pedra parte um vidro. Também eu era irritante... Quantas vezes teria irritado outros? Quantas vezes teriam mudado de lugar, revirado os olhos por causa do meu hábito irritante?

Que relações teriam ficado pelo caminho, que amizades teria perdido? Perguntei-lhe: "Mas isso é irritante??" Ela: "É!! É muito irritante!!" A minha alma estava parva. Nunca ninguém, nem ela, que era a minha melhor amiga, me tinha dito nada... Disse-lhe que ia tentar parar. 

Mas não parei. Em vez disso, abracei este meu hábito irritante porque parece que estou sempre alegre. E, embora, de vez em quando, pareça uma pessoa maluquinha a cantarolar baixinho, cantarolarei. Continuarei a cantarolar. Faz-me feliz. Cantarolarei enquanto a voz não me doer... E continuarei a revirar os olhos a todos quantos me irritarem, mesmo que os seus hábitos irritantes os façam felizes. Cantarolarei e revirarei. 

Cantarolar.JPG

 

 

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