Vamos falar de pessoas
Lendo este blogue, percebo que o uso para destilar algumas irritações. Pelos vistos, a irritação é inspiradora, portanto, cá vais mais disto.
Vamos falar de pessoas.
Pessoas que me irritam - parte I
Pessoas que começam frases com "Eu sou sincero/a". Uma pessoa que não é capaz de dar uma opinião sem antes fazer esta advertência é merecedora do meu desprezo, assim, logo à partida. Isto porque abre imediatamente a porta à alternativa, a de não ser sincero/a. É inevitável. Se eu concedo o meu tempo para trocar ideias com alguém, parto do princípio que a pessoa é sincera, porque não perco tempo a trocar impressões com aldrabões.
Outro tipo de pessoas que me chateiam são as que usam o termo "amigo do seu amigo". Ser amigo já pressupõe uma certa reciprocidade, certo? Ou, pelo menos, a expetativa da mesma. Se eu sou amigo, tem de ser para um amigo. É o mesmo que dizer "é uma mãe para os seus filhos". Digam "é amigo" ou "é um bom amigo". Ponto.
Depois há aquelas pessoas que adoram dizer "chegar a bom porto". " Bom porto" é uma expressão que me irrita. Confesso que não sei bem porquê, mas acho-a um bocadinho rebuscada, daquelas que se usam quando não se tem nada melhor para se dizer. Ou então, por ser tão sonoramente fechada. Acho que uma expressão positiva deve dar para gritar e ser-se ouvido, deve ter sílabas mais abertas. "Bom porto" é parvo...
Ou seja, alguém que pronuncie a frase " Eu sou sincero, eu acho que o João é um gajo porreiro, amigo do seu amigo, consegue que algumas coisas cheguem a bom porto, mas chega todos os dias atrasado" não pode ser meu amigo.
Pessoas de que gosto - parte I
Gosto muito, mesmo muito de pessoas que me ignoram no metro, sobretudo de manhã. Adoro que finjam que não me veem porque, como eu, querem ter o seu momento sem conversas antes de chegar ao trabalho. Adoro que me deixem em paz e que queiram ser deixadas em paz e que não queiram conversa de circunstância naqueles últimos minutos que temos só para nós. Uma das minhas pessoas preferidas , uma vez, viu-me no metro veio-me cumprimentar e foi sentar-se noutro sítio a ler. Disse mesmo "vou para ali". Deixou-me tão feliz...